"O berço da nossa pátria". Ministro Bezalel Smotrich garante que Israel está na Cisjordânia ocupada "para ficar"

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Mohammed Torokman - Reuters

O ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, afirmou esta terça-feira que o seu país está na Cisjordânia ocupada "para ficar". Após uma visita ao território palestiniano, a figura da extrema-direita israelita não escondeu o desejo de ver a Cisjordânia anexada por Israel e defendeu o desenvolvimento de colonatos judaicos, apesar da ilegalidade à luz do direito internacional.

No final de uma visita à Cisjordânia com o ministro Israel Katz, responsável pela pasta da Defesa, Bezalel Smotrich afirmou que "o Governo israelita está a tentar desenvolver colonatos na Judeia-Samaria", o nome dado pelas autoridades israelitas ao território palestiniano ocupado e anexado por Israel desde 1967. "A Judeia e a Samaria (são) o berço da nossa pátria, a terra da Bíblia. Estamos aqui para ficar”, afirmou Bezalel Smotrich.

O ministro israelita das Finanças acrescentou que 2024 foi "o ano recorde" para a demolição de "edifícios árabes ilegais", de acordo com os critérios israelitas. 

No final de 2024, Bezalel Smotrich já tinha prometido a anexação dos colonatos israelitas na Cisjordânia até 2025. Cerca de três milhões de palestinianos vivem atualmente na Cisjordânia, ao lado de quase meio milhão de israelitas instalados em colonatos considerados ilegais pelo direito internacional.

Após uma visita conjunta à Cisjordânia ocupada, Bezalel Smotrich e Israel Katz argumentaram que não querem que a Autoridade Palestiniana, liderada pelo presidente Mahmoud Abbas, venha um dia a "assumir o controlo" deste território.

Recorde-se que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), a mais alta instância judicial da ONU, emitiu um "parecer consultivo" em julho de 2024 sobre a legalidade da ocupação israelita da Cisjordânia. 

De acordo com esse parecer, a ocupação contínua do território palestiniano por Israel é "ilegal" e "viola o direito internacional", pelo que Telavive tem "a obrigação de cessar imediatamente todas as atividades de colonização" e "evacuar todos (os seus) colonatos".  Além disso, o TIJ concluiu que as políticas e leis discriminatórias de Israel contra os palestinianos violam a proibição da segregação racial e o apartheid.

No entanto, Israel rejeitou o "parecer consultivo" da ONU, que considerou "absurdo" uma vez que a Cisjordânia não reconhece a jurisdição do TIJ sobre a questão. Como se trata de um "parecer consultivo", sem caráter obrigatório, este não pode ser imposto judicialmente.

Segundo a UE, o ano de 2023 marcou um recorde para o desenvolvimento de colonatos na Cisjordânia, como maior número de licenças de construção emitidas nos últimos 30 anos. 

c/agências 



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